quinta-feira, 6 de agosto de 2009




Furacão


Acordei de manhã, pus-me a estrada. O carro, eu e uma mochila.


Fui para o alto da montanha, da mochila tirei um cobertor.

Enrolei-me, estava frio, e sentei-me no chão.


À minha frente nascia o sol. A cidade adormecida ao fundo. Os primeiros raios trazem consigo o cantar dos pássaros anónimos. As luzes da cidade vão se apagando até estinguir-se a última. Vejo a minha casa, tantas casas. A pedra fria parece-me apropriada para me aquecer. deixo-me ficar debaixo do cobertor mais um pouco. Demoro o olhar nas nuvens que correm no céu. O sol nasceu e os tons púrpura do céu desapareceram. Está nevoeiro aqui em cima. Levanto-me. Guardo o cobertor no carro e visto o casaco. Ando sobre as pedras até às ruinas. Subo as débeis escadas que parecem ruir sobre os meus pés. Chego ao cimo. o tecto da antiga casa caiu. Está descoberta. Sinto o vento gelado trespaçar-me o corpo como agulhas. Vejo o nevoeiro lá em baixo, como um manto cobrindo a planicie. As nuvens apressam-se e o céu está escuro. Ao longe um clarão que anuncia tempestade. O trovão faz-me estremecer. A fúria dos céus faz-se sentir na terra.


Olhei para baixo e chorei. Sentada nas ruinas esquecidas eu chorei. Lágrimas misturadas com chuva caiam no meu rosto rosado do frio. E chorei...


Hoje está sol, o mar está calmo, as gaivotas gritam na janela...


Sinto falta das ruínas. Sinto falta do frio. Sinto falta das lágrimas que me aqueciam...